sexta-feira, 28 de março de 2008

Banana is my business

Com ou sem abacaxi na cabeça, americanizada ou não, a pequena notável é a Marilyn Monroe brasileira. Carmem Miranda é nosso ícone pop art! Oxalá!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Homem? Mulher? Os dois

O filme argentino "XXY" fala sobre a Alex. Ela é hermafrodita e os pais mudaram-se pro Paraguai quando ela nasceu. A mãe quer que ela faça uma cirurgia para que vire definitivamente uma menininha...mas Alex ainda não sabe disso.
Tudo é absurdamente bom: roteiro, direção e atuações : )

quarta-feira, 5 de março de 2008

Galinha metropolitana


Chamei a Mara pra almoçar lá em casa. Menu: vinho branco e salada César. É, a Mara é vegetariana. Aliás, sempre que saímos pra jantar com ela temos que ter certeza de que o lugar vai satisfazer suas "pré-condições".

Sendo sincera, eu não sou chegada a vegetarianos. Desde que os dentes apontaram na arcada inferior da minha boca grande sou comedora de carne e não vejo muita lógica em passar a vida inteira ruminando mato. Dentre tantas ideologias descabeladas que circulam por aí, escolher uma que determine uma ortodoxia alimentar, seriamente, soa como fraqueza de espírito.

Depois da panfletagem anti-vegan, quero contar o porquê de eu me dar ao trabalho de cozinhar para a Mara. Na realidade, quem ía se divertir com o negócio era eu, que planejava degolar uma galinha rechonchuda na frente dela. Não seria freak-showmente explícito, mas uma situação criada para que ela visse o assassinato, digamos, acidentalmente. Assim, por acaso.

A casa onde eu morava era propícia para a execução premeditada. Tinha um quintal com jardinzinho e tudo (aliás, era uma dessas raridades que você nunca acha que vai ser o felizardo de encontrar numa cidade neuroticamente grande). Um sobradinho no centro, perto do metrô e da feira de bugingangas dos domingos.

O bicho fora escolhido com a ajuda dos cúmplices Rui, Olavo e Aninha. Uma galinha gorda e branca, de crina enrugada vermelho-sangue. Parecia uma pomba da paz - anabolizada, claro. Evitamos contato com ela nos dias seguintes, pra gente não se apegar, sabe. Intimidade é um problema, principalmente quando envolve alguém que se quer matar.

Pois bem, os três comparsas já estavam em casa. Pratos à mesa acompanhados de um jarrinho bem-humorados de girassóis amarelo-ouro. As outras plantas - as que geralmente se come - chegaram pelas mãos do Rui. Depois disso não demorou muito até a Mara bater nas persianas da janela da frente, avisando que estava lá fora.

Olhamo-nos os quatro. Estávamos preparados para fazer com que Mara encarasse a verdadeira crueza da nossa cadeia alimentar. Na comparação espirituosa da Aninha, a Mara era um Jesus em pequena escala, uma cobaia sacrificial que redimiria seu povo.

- Oi, gente. Tudo bem? O dia tá maravilhoso, né? Solzão aberto que parece que sorri pro pessoal aqui embaixo.

Depois dos "como-vais" de praxe, decidimos que iríamos comer. E o Olavo:

- Ei, Mara, pega aí o azeite balsâmico pra gente colocar na salada!

- Onde é que a Dani põe o azeite, Olavo?

- No gaveteiro da cozinha, perto da portinha que dá pro jardim.

Quem estava no jardim éramos eu e a galinha. Ambas numa serenidade budista que eu suspeito que anteceda quase todos os momentos de morte. Ao ouvir a deixa, empunhei o pescoço da galinha e a faca de churrasco. Quando a Mara levantou o azeite:
- Quem tá cacarejando aí? Você tá criando uma galinha, Dani?

Assim que ela colocou o rosto na portinha do jardim eu dei início à execução. Nem sei se fiz tudo direito, mas a infância nas fazendas do interior com certeza me deram uma idéia de como a coisa funcionava. Em meio minuto, era vermelho e preto pra todo lado. O sangue da galinha, ao encontrar o preto do azeite balsâmico derrubado pela Mara, transformou-se numa viscosidade marrom, de cheiro forte.

- Ai, Mara, desculpa! Eu vou preparar um franguinho pro pessoal. Nem vi você aqui! Também, você não pode querer que todo mundo sobreviva de salada, né? Ela nem respondeu. Passou o resto da tarde calada, com o olho em outra dimensão. O quarteto aqui não se preocupou, mesmo as pessoas mais sensíveis um dia se recuperam.

Não demorou muito. Pouco depois a Mara chamou-nos todos pra almoçar na casa dela. Menu: salada verde e suco de abacaxi com hortelã. Lá pro meio da refeição ela soltou a novidade. A experiência catártica daquela tarde fez com que ela descobrisse um dos enormes prazeres da vida: agora era ela quem matava galinhas de vez em quando. É. A Mara compra os bichinhos, espera uns dias e depois os degola num golpe só. Diz ela que a adrenalina e a força das cores do ritual são mais excitantes do que uma generosa carreira de cocaína. Sua única dúvida é em relação ao que fazer com os cadáveres, porque ela continua uma vegetariana convicta.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Portraits


Seguramente, um dia essa maquininha passeará pela minha pele! Kat Von D, a garota com ares de pin-up que a empunha, é uma das tatuadoras de portrait mais talentosas que eu já vi.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Segredos do laguinho

De fora das grades, a mansão da rua Barbarito Torres dava a impressão de um monstro sem vida. As grandes pilastras que seguravam os muitos andares e metros de janelas, em contraste com a ausência de qualquer movimento que fosse, fazia parecer que aquele era um gigante em coma. Movimento, aliás, só o das plantas; das fileiras de pés de eucalipto e daquelas arvorezinhas-bonitinhas-que-parecem-de-mentira-mas-não-são que ocupavam os milhares de metros quadrados que circundavam o casarão.

Encravado na imensidão do verde, o jardim zen. Nele, um pequeno lago com uma cachoeira formada por pedrinhas milimetricamente organizadas. Dentro do lago, uma carpa. Uma só. A filha do casal Rinzler Müller apelidara o peixinho de Jorge, mas isso já faz muito tempo.

A boa alimentação e os cuidados diários fizeram de Jorge uma carpa com escamas vermelho-sangue brilhantes. Ele tinha um espaço até razoável para nadar entre os objetos de design que ficavam na água, que a senhora Rinzler Müller comprara ela mesma, numa viagem a Veneza. Mas isso já faz muito tempo, ela já esqueceu dos "achados" adquiridos no exterior.

Nos meses de "inauguração" da morada da família, eram rotineiros os happy hours de domingo regados a champanhe e música. Jorge nem se incomodava com o barulho. Aliás, ele bem que gostava quando caíam umas gotinhas do espumante nas águas calmas do laguinho. Mas...isso já faz muito tempo. Hoje é difícil que alguém venha "refugiar-se no jardim zen".

Antigamente, Jorge fazia companhia, uma vez por semana, ao jardineiro da mansão da rua Barbarito Torres. Através do espelho d'água, ele espiava a destreza do homem que aparava as plantas e, de vez em quando, trazia cores originais ao cotidiano de Jorge através das novas espécies de flores que plantava nos jarrinhos de porcelana. Mas isso já faz muito tempo: ajudado pelo cortador de grama e pelas novas tecnologias agrícolas, o jardineiro só aparecia no campeiro uma vez por mês, quando muito.

Olha, mesmo para um peixe, os dias de Jorge são bem monótonos - mesmo para um peixe gerado e nascido para estar em meio a uma família como a dos Rinzler Müller. O que serve de consolo, pelo menos, são as noites estreladas que, através da camada grossa de água, mais parecem deliciosos delírios impressionistas.

Era fim de tarde. A iluminação do jardim estava estonteante, como prometera o arquiteto que fizera aquela natureza artificial. Jorge reconheceu na jovem que parara na frente do lago a menina que uma vez o batizara. Ele não conseguia distinguir, por culpa das lentes com as quais via a cena, qual era o real semblante que se imprimia no rosto da jovem Rinzler Müller. Mas Jorge estava certo. Aquilo eram gotinhas de suor que lentamente brotavam da face da menina.

Logo, para fazer companhia às longas pernas da primogênita, mais um par delas chegou ao jardim zen. Fazia tempo, mas Jorge conseguiu reconhecer naqueles membros que despossuía o irmão mais novo do senhor Rinzler Müller. A água não permitiu que Jorge soubesse as confidências que os dois trocavam, mas ele conseguia, pelo menos, distinguir os movimentos.

Os pares de pernas se confundindo, as mãos agarradas nos cabelos um do outro. Os beijos sofridos e, embalada pela viscosidade do suor grosso, uma dança; uma dança que Jorge nunca tivera - e nem teria - a chance de experimentar.

No meio baile extasiado, a carpa perdera a capacidade de ver a dupla. Alguma coisa arrebatara a calmaria das águas do laguinho. Por entre círculos concêntricos que se expandiam agora até as margens, descia para o fundo do lago uma novidade. Como Jorge atestaria pouco mais tarde, não se tratava do champanhe a que, há muito tempo, ele uma vez se acostumara.

E nem Jorge imaginaria que, perdida na vastidão de concreto, decadência e mato do casarão da rua Barbarito Torres, havia uma vida além da dele mesmo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Homens-objeto



Uma carreira de 60 anos (1946-2004). Mas não é só isso que impressiona na trajetória profissional do fotógrafo Richard Avedon, que está sendo homenageado até dia 8 de junho com uma exposição em Milão. Nem de longe. Além de fotos incréééveis feitas para a marca Versace (como essa aí em cima), o italiano fez portraits maravilhosos de Marilyn Monroe, dos Beatles, de Andy Warhol, Prince e Bob Dylan, além de imagens marcantes do pós segunda-guerra e de outros temas nada amenos.

Outras fotos dele em http://www.richardavedon.com/

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Madame Satã


Década de 30. No bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, nasce uma madame.

A nova safra do (bom) cinema brasileiro. Ah, sim! E antes de virar noveleiro, Lázaro Ramos andou fazendo coisas de qualidade.

P.S.:Aos conterrâneos, o diretor Karim Aïnuz também é cearense!